sábado, 3 de maio de 2008

Divino Baptismo

Por toda a noite, aflita, a triste mãe

Chorou junto do berço o filho morto.

Fora, gemendo, os ventos num vaivém

Eram da triste o único conforto.


"Dói-me que o leves, porque a dor transporto

Ao seu destino, sem baptismo, Além.

Baptisa-mo, Senhor, e não me importo

Com a dor de jamais ter no mundo um Bem."


Findou a noite. Os ventos calaram

Na natureza as cousas acordaram

Ao louco grito da primeira luz...


E enquanto a mãe dormia, doce e mansa,

A luz do sol no peito da criança

Foi desenhar uma pequena cruz.



Rui de Noronha

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