Por toda a noite, aflita, a triste mãe
Chorou junto do berço o filho morto.
Fora, gemendo, os ventos num vaivém
Eram da triste o único conforto.
"Dói-me que o leves, porque a dor transporto
Ao seu destino, sem baptismo, Além.
Baptisa-mo, Senhor, e não me importo
Com a dor de jamais ter no mundo um Bem."
Findou a noite. Os ventos calaram
Na natureza as cousas acordaram
Ao louco grito da primeira luz...
E enquanto a mãe dormia, doce e mansa,
A luz do sol no peito da criança
Foi desenhar uma pequena cruz.
Rui de Noronha
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